eu só não estava esperando para sentir tamanha dor nessa noite, mal sei por onde começar ao escrever essa review. começarei retirando do caminho a óbvia (e, me parece, bem estúpida) acusação contra o filme de que ele é gordofóbico ou alguma variação disso. há alguns dias atrás li no twitter que o aronofsky maltrata esse personagem porque ele é gordo ou coisa do tipo... mas não precisa ser um gênio para perceber que o problema fundamental com o qual aronofsky está lidando aqui é a depressão, e que a compulsão alimentar do nosso personagem, aquilo que o leva à obesidade mórbida, tem uma relação intrínseca com as prévias da morte do namorado, que se negava a comer qualquer coisa. em segundo lugar, aronofsky intencionalmente quer nos chocar com a imagem desse homem gigantesco, com a monstruosidade que ele se auto inflige, mas qualquer sinal dessa monstruosidade se dissolve no olhar dolorosamente cheio de esperança e amor que brendan fraser é capaz de produzir. é justamente desse contraste que brota toda a humanidade que a câmera captura e que impede que qualquer sinal de ridículo nas cenas que acompanhamos no seu tortuoso dia-a-dia --- nós, que fomos tão treinados a rir das pessoas gordas convivendo com a sua dificuldade. em terceiro lugar, vale mencionar que o filme muitas vezes quase desmonta completamente; me parece que as inserções de comentários do próprio aronofsky à sua obra e pensamento na boca da ellie não ajudaram muito a avançar a coisa. enfim. gostaria de ainda voltar e pensar mais algumas coisas a respeito desse filme porque nesse momento, sendo bem sincero, a dor e a angústia me tomam tão forte que toda a minha concentração está em segurar as lágrimas…